quinta-feira, 6 de outubro de 2016

FAZ O QUE EU DIGO MAS NÃO FAÇAS O QUE EU FAÇO...



"...os pais estão proibidos de negociar, de justificar ou de explicar as regras que entendem que uma criança deve ter (e que, supostamente, têm tudo a ver com os seus bons exemplos).

Porquê?


Porque as crianças lhes tiram, desde sempre, as medidas até à alma. E, portanto, porque elas sabem muito bem quando é que os pais lhes estão a exigir comportamentos em tudo adequados aos seus bons exemplos ou, pelo contrário, quando é que eles se estão a esticar, exigindo um conjunto de atitudes que não têm nada a ver com aquilo que fazem.

Por exemplo: faz sentido que o pai exija que uma criança não se levante da mesa, durante o jantar, enquanto ele, por rotina, não deixa de o fazer, para atender o telefone? Isto é: se os pais exigirem, em função dos exemplos que dão, fazem muito bem.

Não se trata, é claro, de exigirem com maus modos e de forma carrancuda o que quer que seja. Mas, de forma firme e serena. Tudo menos fazerem-no a tremelicar da voz ou a pedir, muito devagarinho, que uma criança faça aquilo que, sensatamente, tem de fazer. E, é claro, sem se explicar, negociar ou justificar porque - ao fazerem-no como quem tem a obrigação de encher o discurso de alíneas e de demonstrações, a propósito de tudo e de mais alguma coisa (o que sucede quando os pais tentam fugir às más práticas - demasiado autoritárias - dos seus próprios pais) - o melhor que conseguem é pôr ruído nos bons exemplos que vão tendo e exercer a parentalidade tão a medo que, à cautela, uma criança tem nas birras um excelente controle de qualidade para a autoridade dos pais".

Eduardo Sá

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