sábado, 17 de janeiro de 2015
O MEU IRMÃO É MELHOR DO QUE EU....
Este é um dilema pelo qual muitas crianças passam e que afecta de forma significativa a sua auto estima....o ter de competir com um irmão que pura e simplesmente ...é bom em tudo!!!!!
Não é uma tarefa nada fácil ter um irmão assim e, por mais que os pais tentem desmistificar esta coisa do “ser melhor” a criança que se julga menos boa sente as suas dificuldades e luta para corresponder a um padrão que ela julga muito superior ao seu!
São aquelas crianças que até são simpáticas mas que levam uma semana para conseguir fazer um amigo...depois têm um irmão que em 2 segundos faz 10!
São aquelas crianças que em cada atividade que se metem levam 6 horas até conseguir que saia algo de jeito....depois tem um irmão que em 2 segundos faz uns rabiscos que todos aplaudem!
São aquelas crianças que levam uma série de tempo até encontrarem um desporto onde percebem ter alguma competência...depois tem um irmão que é bom em todos os desportos em que se mete!
São crianças que, apesar de gostarem do irmão, sempre sentiram uma diferença entre os dois e que se vão sentindo cada vez mais excluídas, cada vez "menos boas",situação que acaba por gerar, muitas vezes agressividade e descontrolo do impulso.
Esse sentimento vai crescendo cada vez mais e mais e, às vezes acaba por transformar-se em algo que não é bom para nenhum dos dois irmãos....A criança que se sente menos boa acaba por ficar com uma auto estima baixíssima, enorme insegurança e medo de falhar, medo de não corresponder ao irmão que é bom em tudo (no seu sentir, porque ninguém é bom em tudo).
O irmão supostamente bom em tudo acaba por sentir-se também intimidado por perceber este sentir de menos valia do outro irmão e perde-se algo fundamental: Uma boa relação fraterna!
Se sente que esta situação se pode passar na sua casa, tente perceber junto da criança com auto estima mais baixa, o sentir dela, sem tocar neste assunto de “melhor em tudo”...Tente simplesmente “senti-la”, percebe-la e apoiá-la no que ela precisa!
Não caia no erro de fazer comparações pela positiva para a fazer sentir melhor, muito menos valoriza-la excessivamente...a criança vai perceber e vai sentir-se ainda mais inferiorizada pois vai sentir que apenas está a tentar agradá-la e não porque realmente sente o que diz.
Ajude-a a perceber, caso a criança fale na questão do outro irmão, que ambos têm qualidades e defeitos mas, são pessoas diferentes...cada um à sua maneira é especial e único .
Ajude-a a perceber que tudo tem um tempo e cada pessoa, cada criança tem um ritmo diferente. Cada criança alcança as suas metas ao seu ritmo, não ao ritmo de comparação dos outros...Dai o não fazer sentido as comparações!
Ajude a criança a perceber que todos temos personalidades diferentes e únicas...Ninguém é igual a ninguém nem pode ser...Ajude a criança a descobrir-se enquanto pessoa, ajude-a a descobrir o seu EU...Se a criança vive em constante comparação com o irmão, não se conhece e logo, não evolui emocionalmente...
Muito importante...não misture espaços...Se a criança que se sente mais inferiorizada conseguiu perceber algo onde é boa e se sente bem...esse é o espaço dela...É o espaço que precisa para se descobrir...Os irmãos não têm os dois de frequentar o mesmo desporto ou as mesmas atividades....Deixe esse espaço para ela e não permita “intromissões” por parte do irmão. Ele tem os espaços dele!
Com o passar do tempo, com a maturidade e, se lhe for dado espaço para isso, a criança que se sente “menos boa” irá com certeza descobrir-se e a relação com o irmão que ela julga melhor irá com certeza resolver-se.
Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Clínica ASAS, Portimão
Etiquetas:
Crianças,
Portimão,
Psicologia
Local:
Portimão, Portugal
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